Publicado em 01/04/2014Concreto moldado em fôrmas de madeira

Concreto moldado em fôrmas de madeira

Com moldes de madeira, metal ou plástico, é possível imprimir texturas e desenhos no concreto

Com a mistura de cimento, areia e brita é possível criar obras-primas – um prédio, uma casa inteira ou apenas uma parede. O arquiteto Orlando França de Carvalho, de São Paulo, por exemplo, usou fôrmas de madeira para moldar parede nada convencional. As fôrmas, no entanto, poderiam ter sido em chapas metálicas, plástico ou silicone estrutural: tudo a depender da criatividade, já que a fôrma imprime a própria textura na massa de concreto.

“Pode-se usar portas velhas, batentes usados, restos de tábua e madeirite da própria obra, chapas de zinco, ou misturar tudo isso. Na década de 70 e 80, muitos arquitetos reutilizavam materiais na desforma das lajes de concreto. O mais bacana que eu vi foram tapetes de borracha de carros na fôrma. Imagine o resultado final estampado no teto”, conta Orlando.

Apesar da rusticidade, moldar uma parede com fôrmas de madeira como essa não é tarefa fácil. Exige mão de obra qualificada, já que, depois de concretada, não dá para fazer correções nem alterações. É preciso considerar também o peso da parede e verificar se a base é robusta o suficiente para suportar a carga. Se ela pesar no cálculo estrutural, há ainda a possibilidade de usar o concreto moldado apenas como revestimento, para quem não quer abrir mão do efeito dentro de casa.

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  • A parede que sustenta esta escada de concreto pedia um detalhe. E foi o próprio concreto que deu o toque original. A massa veio pronta e foi injetada dentro do molde, feito com tábuas de 18 cm de largura, mesma medida dos degraus. “A medida da tábua varia com a proporção do espaço, para ficar equilibrado e elegante”, explica o arquiteto autor do projeto, René Fernandes Filho, de São Paulo. Repare também na diferença de profundidade entre as faixas de concreto. Isso porque as tábuas foram feitas com duas espessuras: 10 e 18 mm. “Do lado de fora, as réguas ficam alinhadas. Internamente, criam os relevos”, explica o engenheiro Carlos Cinta, também de São Paulo - Foto: Divulgação
  • Depois de subir a escada, mais uma surpresa: a parede foi moldada também para receber a claridade que vem de um corredor lateral. “Previstos antes da execução, os rasgos de 80 cm de largura deixam a luz passar”, detalha René. Depois de retirada a fôrma, a parede ficou com acabamento liso, como queria o arquiteto, graças à escolha do molde. “Optamos pelo compensado plastificado, que deixa a superfície do concreto menos porosa”, explica Carlos. Para finalizar, tratamento com verniz à base de água- Foto: Victor Affaro
  • A parede de concreto armado e moldado foi desenhada pelo arquieto Orlando França de Carvalho para disfarçar uma viga que apareceu na hora de ampliar a sala. A abertura circular, além de garantir a continuidade dos espaços, ajudou a diminuir o peso da parede, erguida num apartamento antigo, com vigas e lajes robustas. “Hoje em dia, os construtores e engenheiros trabalham no limite estrutural. Portanto, se morar num edifício, é bom consultar um engenheiro”, aconselha o arquiteto. Ele fez tudo na obra (inclusive a mistura de concreto branco e pigmento) e decidiu que quanto mais textura na parede, melhor. Por isso, lixou a fôrma de madeira para deixar os veios mais evidentes e imprimi-los no concreto - Foto: Victor Affaro
  • Para o arquiteto Gustavo Calazans, de São Paulo, a escolha por uma parede de concreto não pode ser apenas estética. Ela tem que ser também estrutural, para justificar o investimento numa fundação que suporte o peso. Aqui, a parede de concreto moldada com ripas de madeira de 10 cm de largura delimita uma sala maior e, ao mesmo tempo, sustenta a cobertura da área ampliada. É uma opção que deve ser muito bem pensada. “Demolir uma parede de concreto não é tão fácil, nem mesmo fazer alterações, como propor uma janela ou qualquer tipo de abertura”, alerta o arquiteto - Foto: Victor Affaro
  • Repare que tanto nesta quanto na foto anterior, existem furos aparentes na estrutura. São deixados ali de propósito, uma outra forma de trabalhar o concreto. É por eles que passam os parafusos que mantêm a fôrma no lugar ao ser preenchida com a massa de cimento, areia e brita. Para evitar esse efeito estético, basta fechar os furos. Mas, se decidir assumi-los, como fez o arquiteto Felipe Scroback, de São Paulo, o segredo, segundo ele, é alinhá-los durante a execução da parede - Foto: Evelyn Muller
  • A casa projetada pelo arquiteto Luiz Paulo Andrade, de São Paulo, é toda de concreto e faz parte do projeto deixar a estrutura aparente. Em alguns cômodos, como a suíte (na foto) e a sala, as paredes foram moldadas para conseguir um efeito plástico diferenciado, como se fossem feitas de “ripas” de concreto. O arquiteto reutilizou fôrmas de madeira usadas em outra obra, e sugere, para um melhor acabamento, usar moldes de madeirite resinado com 18 mm de espessura. A boa execução da forma e concretagem manual são, para Luiz Paulo, o segredo para o sucesso da empreitada - Foto: Evelyn Muller
  • Nesta casa, o concreto moldado serve de revestimento das paredes tanto por dentro quanto por fora. “Como, pelo projeto estrutural, a maior parte dos fechamentos já era em concreto armado, resolvemos tirar partido do material, que gostamos tanto”, conta o arquiteto Tomás Anastasia Rebelo Horta, de Minas Gerais. Para conseguir o efeito de “ripas” no concreto, foram usadas fôrmas de madeira de 10 cm de largura. Além de bonito, “ajuda a disfarçar pequenas imperfeições ocorridas durante a concretagem”, complementa Tomás. Em áreas externas e sujeitas à umidade, é importante impermeabilizar a parede e aplicar produto contra a proliferação de fungos - Foto: Evelyn Muller
  • Os arquitetos Rodrigo Costa e Alessandra Marques, de São Paulo, queriam um revestimento rústico, com a personalidade do concreto, mas uma parede toda concretada seria inviável, tanto pelo peso sobre a estrutura do apartamento quanto pela dificuldade em acessar a tubulação. Por isso, a dupla ergueu uma parede mais leve, de blocos estruturais, e a revestiu com uma camada de 5 cm de concreto moldado na obra usando fôrmas de madeira pinus, com 30 cm de largura. Uma tela metálica ajudou a garantir a aderência da massa. Rodrigo e Alessandra não deram nenhum tipo de acabamento; quiseram o efeito mais natural possível. Para limpar, basta usar aspirador e espanador de pó - Foto: Victor Affaro
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