Publicado em 23/12/2015Projeto de alvenaria estrutural: casa na vila matilde
O projeto de arquitetura é simples, em linguagem modular que facilita a construção Créditos: Pedro Kok

Projeto de alvenaria estrutural: casa na vila matilde

Arquitetura cumpre função social em residência modular sem revestimentos, apenas com uso de concreto

Com apenas R$ 150 mil, lajes pré-moldadas de concreto armado, blocos estruturais e de vedação, e muita boa vontade, o escritório Terra e Tuma Arquitetos demoliu uma residência em ruínas, na região de Vila Matilde, em São Paulo (SP), para dar forma à nova casa da empregada doméstica Dalva Borges Ramos, de 74 anos. O escritório já tinha experiência em projeto de alvenaria estrutural, com blocos de concreto aparentes – sistema de custo mais baixo – e aproveitou para simplificar o projeto executivo para facilitar a comunicação com pedreiros e fornecedores dos materiais.

“Reduzimos o projeto executivo, de 70 folhas – entre arquitetura, estrutura, instalações e muitos detalhes técnicos, para apenas quatro folhas”, conta o arquiteto Pedro Tuma. A ideia principal era acompanhar a obra do início ao fim, ficar no pé de cada colaborador, para que nada saísse do planejado, nem do cronograma, e nem do orçamento.

Além disso, era importante que profissionais de obra entendessem o que precisava ser feito no projeto de alvenaria estrutural. Assim, num intervalo de um ano, o terreno de 4,8 m de largura por 25 m de profundidade deu lugar a uma casa térrea com sala, lavabo, cozinha, área de serviço e suíte nos fundos.

Sobre a laje do dormitório, no entanto, foi possível construir uma segunda suíte, para hóspedes. “Sobre a sala há amplo terraço para esse quarto de hóspedes, com muitos vasos de plantas – a laje está preparada para receber novos cômodos, caso a família decida, no futuro, ampliar a residência”, explica o projetista.

Os ambientes internos são articulados por um jardim central, completamente aberto, que permite a entrada de muita luz natural e ventilação – importante, já que as paredes laterais do terreno, em blocos estruturais de concreto, servem como arrimo para construções vizinhas, e como base de apoio para as lajes e, por isso, não possuem janelas.

Sem revestimentos, o aspecto da casa é rústico, moderno: o piso é completamente executado em concreto nivelado e alisado. Apesar de pensar em colocar um piso cerâmico claro e brilhante, Dona Dalva se sente feliz e realizada na casa nova, por ser bem iluminada e ter espaço suficiente para as plantas. “Lá no terraço já plantei morangos, e agora está cheio de pássaros”, afirma.

A maioria das pessoas nem cogita a possibilidade de um caminhão betoneira atender pequenas obras. Será que estão certas?

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  • O projeto de arquitetura é simples, em linguagem modular que facilita a construção – da esquerda para a direita, vidro, blocos de concreto, madeira (porta pivotante) e blocos, novamente. Os muros laterais são de blocos estruturais, também de concreto
  • Primeiro foi feita a fundação e arrimos, para escorar residências vizinhas; depois, subiram as paredes laterais de blocos estruturais (muros) e dos fundos, que sustentam lajes. Com pisos e lajes concretados, entraram os caixilhos, e a nova residência estava pronta, sem revestimentos
  • Não há revestimentos; tudo é aparente – piso de concreto usinado, alisado e cru; paredes em blocos de concreto e lajes pré-moldadas, que fazem as vezes de forro. O controle dos fornecedores era para que entregassem o material em coloração homogênea e sem peças quebradas, já que não havia orçamento suficiente para repor, refazer ou corrigir erros
  • À esquerda, paredes laterais, que sustentam a laje da cobertura, são em bloco de concreto estrutural; as divisórias dos ambientes, transversais, são de bloco de concreto de vedação. Sobre a cobertura impermeabilizada com manta líquida, protegida do calor com argila expandida e camada de pedriscos, Dona Dalva cultiva ervas e frutas. À direita, o terraço é aproveitado pelo dormitório de hóspedes. Nesta área, vai ser possível construir novos cômodos no futuro
  • Jantar é integrado com estar, e a iluminação é feita com spots metálicos, ligados à fiação por tubos aparentes. Um jardim interno, aberto, deixa entrar luz natural no centro da Casa Vila Matilde. A caixilharia, de ferro, é feita sob medida, com janela maxi ar intermediária – sistema mais simples e barato que o basculante
  • À esquerda, o lavabo é uma caixa de vidro temperado adesivado, em caixilharia de alumínio pintado de preto. O resto do corredor é a cozinha e, lá no fundo, estão área de serviços e o dormitório de Dona Dalva, proprietária da casa. À direita, com portas de correr e janelas em perfis metálicos finos para vidro temperado 10 mm, o jardim se integra a corredor, cozinha e serviços
  • A cobertura da Casa Vila Matilde tem dormitório e banheiro para hóspedes. A modulação da fachada repete o layout do térreo (blocos de concreto, vidro e porta), o que simplifica a planta e a construção
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