Publicado em 25/11/2015Carreira internacional

Carreira internacional

Conheça a história de dois brasileiros que foram parar no Canadá

Hoje empresário de sucesso, Julio Cezar Aranega, 36, chegou em Toronto, no Canadá, em 2001, para mudar de vida. Ele havia estudado curso técnico de edificações em São Paulo, mas já não trabalhava mais na construção civil há uns três anos, quando deixou o Brasil. Sua ideia era aprender a língua inglesa e tentar um emprego que o rendesse melhores salários e novas oportunidades de crescimento.

Depois de pouco tempo lá, conheceu Edson Amorim de Lima, 50, outro brasileiro que não só se tornaria seu chefe, grande amigo e parceiro dos canteiros de obra, mas seria também, em poucos anos, seu maior sócio.

“O Edson já trabalhava para uma empresa de acabamentos. A empresa era especializada em carpintaria – fazia a finalização dos caixilhos para portas e janelas, molduras para forros e rodapés, ou quaisquer elementos finais em madeira”, conta Julio.
No Canadá tudo é muito diferente. A construtora, por exemplo, não constrói – ela só administra as obras. Ela é, na verdade, a contratante de várias empresas pequenas, muito especializadas, que realizam partes de cada etapa da obra.

Os serviços são tão especializados que a empresa que instala portas e janelas não é a mesma que faz os seus acabamentos, como os batentes. Também não vai ser o fornecedor do assoalho para pisos (tacos ou tábuas de madeira) quem vai fazer os rodapés.
“A construção aqui é totalmente industrializada”, define Julio. “Cada hora é uma equipe nova que entra na obra, para fazer a sua parte do trabalho – e tudo tem que ser feito com máxima eficiência, rapidez e qualidade”.

Quando foi chamado para trabalhar com carpintaria, Julio ficou um pouco preocupado, mas o medo logo foi embora. “No Brasil somos formados numa cultura que trabalha muito a alvenaria, em processos mais artesanais, então no começo tive que me adaptar, e aprender a trabalhar de outro jeito, em outro tipo de obra seca em que tudo é montado. Aqui, as construções são estruturadas em madeira [o Canadá é um dos grandes produtores mundiais de madeira para a construção], e sua divisões internas são feitas de gesso acartonado”.

Julio conta ainda que, em construções residencias, apesar de terem estrutura de madeira, o concreto também é muito utilizado, mas apenas nas fundações. Devido às grandes variações de temperatura, entre mínimas do inverno (40°C negativos) e máximas do verão (40°), os baldrames ficam enterrados a aproximadamente dois metros de profundidade.

“Sobre eles são feitas paredes de concreto, formando uma espécie de caixa-porão, que será a base de sustentação da casa. Depois, sobre essas paredes é que a estrutura de madeira é fixada, a partir de meio metro acima do nível da superfície do terreno”, explica.
O concreto é utilizado como sistema estrutural apenas em grandes edifícios comerciais, de vários pavimentos.

“Mistura virada em obra é algo que não existe por aqui. Tudo tem que ser usinado, passar por controle de qualidade, até mesmo porque o concreto deve receber aditivos para sua cura não demorar demais, no inverno, nem acontecer muito rápido no verão, estação mais seca”.

Da carpintaria à administração – como Julio se tornou empresário 

De volta aos canteiros de obra, Julio se envolveu com a carpintaria, para nunca mais mudar de ramo. Depois de mais de 10 anos atuando como funcionário da empresa de acabamentos em madeira, onde Edson era coordenador de equipe, a principal construtora com que trabalhavam chamou os dois brasileiros para um bate-papo sério.

“Nós nos destacávamos entre os prestadores de serviço da empresa, e a construtora andava meio insatisfeita com o jeito como o nosso chefe administrava o negócio, com algumas falhas e não totalmente de acordo com as exigências da contratante. Ele também já havia manifestado a vontade de passar a empresa para frente. A construtora, para não perder a mão de obra de qualidade, sugeriu-nos então que comprássemos a prestadora de serviços, para que nós mesmos a administrássemos juntos”, relata.

Rapidamente, a dupla Júlio e Edson tomaram um empréstimo no banco, compraram a empresa, veículos e novos equipamentos de trabalho, contrataram mais funcionários e se colocaram à disposição da construtora parceira, que aumentou o volume de trabalho repassado aos novos sócios. Assim Julio se tornou um empresário.

Mas se engana quem pensa que a vida de empresário é só gerenciar equipes. No Canadá, dono do negócio também põe a mão na massa. “O serviço do profissional de obra é muito respeitado e valorizado aqui. A remuneração é tão boa quanto a de qualquer outro profissional, e os trabalhadores precisam passar por cursos de formação, qualificação e certificação”, revela.

Quem vai para a construção civil é porque gosta e quer trabalhar no ramo. “Não é uma opção para quem não encontra emprego em nenhuma área”, critica Edson.

Apesar de terem muitas saudades de casa e da família, Julio e Edson não vêem mais a possibilidade de voltar para o Brasil. “Agora temos nossa empresa e muito trabalho para administrar e executar. Como a qualidade de vida aqui é ótima, e nossa renda também, não pretendemos retornar. Queremos continuar trabalhando na construção e, para isso, o mercado de trabalho daqui acaba sendo bastante recompensador. Estamos realizados”, afirma Julio.

Conheça programa do governo que incentiva produção caseira de eletricidade.

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