Publicado em 16/08/2016Como proteger o concreto em construções no litoral
Edificações construídas próximas ao mar devem ter características adequadas para suportar a agressividade do meio

Como proteger o concreto em construções no litoral

Uso de aditivos plastificantes, especificação adequada do cimento e maior recobrimento da armadura são algumas formas de proteger a estrutura e prolongar a sua durabilidade

A maresia é a grande vilã das regiões litorâneas. Devido à umidade, os íons de cloreto de sódio e cloreto de magnésio ficam suspensos no ar, agredindo o aço e causando a corrosão da armadura. Isso ocorre, principalmente, se o concreto não tiver as características adequadas para suportar a agressividade do meio. Considerando que, quanto mais perto do mar, mais sujeita à corrosão as construções no litoral estarão. Casas “pé na areia” sofrem mais com a maresia, sobretudo as suas fachadas, que ficam expostas aos ventos provenientes do mar, ricos em agentes agressivos.

Outro fenômeno que causa problemas às construções no litoral é a carbonatação. Trata-se da reação do CO² presente na atmosfera com o hidróxido de cálcio presente no concreto, formando carbonato de cálcio. “A carbonatação acontece em qualquer ambiente, inclusive em regiões litorâneas, mas é mais intensa em locais com índices elevados de gás carbônico, como a cidade de São Paulo, por exemplo”, explica Carlos Marmorato, professor doutor da Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com o especialista, em cidades com praia, a carbonatação despassiva a armadura, pois reduz a alcalinidade do concreto (ou seja, o seu Ph), um dos responsáveis pela proteção da armadura. Dessa forma, o concreto fica mais vulnerável à ação de agentes agressivos. “Podemos dizer que a carbonatação associada aos agentes agressivos potencializa a corrosão da armadura”, resume o professor.

Como proteger as construções no litoral

Algumas providências são imprescindíveis quando se constrói em áreas litorâneas. No caso de concreto aparente, é necessário:

  • Utilizar um concreto menos permeável, com menos porosidade e menor absorção. Isso é conseguido alterando-se a relação água/cimento: aumentando-se o consumo de cimento por m³ e diminuindo-se a quantidade de água por m³. “O segredo é usar a menor quantidade de água possível na produção do concreto e diminuir sua porosidade por meio de aditivos ou adições”, sugere Marmorato.
  • Usar aditivos plastificantes.
  • Eventualmente, empregar pozolanas, que aumentam a compacidade do concreto e, consequentemente, diminuem a porosidade. O professor da Unicamp, porém, faz uma ressalva quanto ao uso desse material: “A pozolana é benéfica, mas, em altos teores, pode diminuir o PH do concreto, desprotegendo a armadura. Portanto, seu uso deve ser devidamente ajustado conforme a aplicação”.
  • Projetar estruturas de concreto armado com recobrimento maior da armadura. (A camada de concreto que protege a armadura deve ser mais espessa para impedir que os agentes agressivos cheguem até o aço).
  • Especificar o cimento adequadamente. Boas opções são cimento de alto-forno, pozolânico ou resistente a sulfatos, como o produto Obras EspeciaisIndustrial – Meios Agressivos, da Votorantim Cimentos, disponível em embalagem com 40 kg ou 50 kg (saiba mais sobre ele neste vídeo).

No caso de concretos revestidos de tinta ou verniz, Marmorato lembra que é importante fazer a manutenção, pois, após aproximadamente cinco anos, esses revestimentos perdem a eficácia.

Graus de agressividade

A NBR 6118 da ABNT estabelece quatro graus de agressividade. As regiões litorâneas estão no nível 3. Já as estruturas diretamente expostas a “respingos de maré”, como píeres, por exemplo, estão no 4. Nesse caso, não apenas o aço pode ser degradado, mas o próprio concreto. “Essa norma é elementar para quem trabalha com estruturas de concreto”, afirma Marmorato.

A norma determina uma espessura mínima para o cobrimento da armadura em ambientes agressivos: 35 mm para lajes de concreto armado; 40 mm para pilares e vigas de concreto armado; e 45 mm para concreto protendido.

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