Publicado em 03/02/2017Traço de concreto: britas
Traço de concreto: Britas para concretoCréditos: Paulo Barros / e-Construmarket

Traço de concreto: britas

Conheça os tipos de britas e sua relação com os traços de concreto

As britas são algumas das principais matérias-primas utilizadas na composição do traço de concreto. Oriundas de rochas duras como granito, gnaisse, calcário e basalto, são responsáveis por estruturar a mistura, enquanto a areia e o cimento garantem a sua trabalhabilidade. Além da função estrutural, as pedras britadas, como também são conhecidas no mercado, contribuem para o aumento da resistência à compressão e ao desgaste (abrasão), reduzem a retração e barateiam o custo de produção do concreto. Neste texto, que faz parte da série de reportagens sobre Traço de Concreto, você vai entender por quê.

A Norma NBR 7211 – Agregado para Concreto – Especificação, classifica as britas segundo sua granulometria (tamanho dos grãos), característica que deve ser observada de acordo com as necessidades de cada traço e sua aplicação. A simples observação desse detalhe poderá reduzir o fator água-cimento e, consequentemente, o consumo de cimento na mistura.

“Um traço com agregados muito graúdos terá grandes quantidades de vazios e deverá ser preenchido com mais pasta de cimento, o que poderá encarecer consideravelmente o produto”, observa Claudio Sbrighi, geólogo e consultor da CPTI (Cooperativa de Serviços e Pesquisas Tecnológicos), lembrando que um traço convencional de concreto é composto por, aproximadamente, 80% de agregados (areia e brita), 10% a 12% de cimento e o restante de água e vazios.

Brita certa

Além de elevar o custo da mistura, o uso de faixas granulométricas incorretas na composição resultará em concretos menos resistentes ou mais deformáveis. “Os traços devem ser compostos com agregados de granulometria descontínua (agregados maiores e menores misturados), que conferem maior resistência à compressão e maior durabilidade à estrutura de concreto”, lembra Daniel Franco da Silva, gerente de controle tecnológico do laboratório Falcão Bauer.

O tipo de rocha a ser usado também deve ser analisado de acordo com as características exigidas para cada concreto. Basicamente, não há restrição para a composição de concretos convencionais. Para a elaboração de concretos especiais ou usos específicos, contudo, as pedras britadas devem ser selecionadas conforme as necessidades específicas da obra ou forma. No caso de um concreto mais rígido e com pouca deformação, é recomendado o uso de basalto, uma rocha de constituição apropriada. Para compor concretos mais fluidos, uma opção é o calcário, rocha que tem sua parte fina como doadora de plasticidade ao traço.

No caso dos concretos autoadensáveis (muito utilizados em peças de concreto armado pré-fabricadas e também em obras), com o objetivo de garantir que o concreto preencha todos os espaços vazios da forma, recomenda-se que a brita tenha até 2/3 da dimensão do espaçamento da armadura, em geral o tamanho máximo utilizado atualmente é a Brita 0.

A escolha da brita deve considerar, ainda, a forma como o concreto será aplicado em obra (manualmente ou através de bombas). No caso do concreto bombeado, fatores como altura e tipo de equipamento utilizado devem ser observados pelas concreteiras no momento de selecionarem os agregados. “O ideal é adicionar britas de tamanhos menores nesse tipo de concreto, o que resultará em uma mistura com porcentagem maior de argamassa e facilitará o bombeamento”, explica Vicente Bueno Verdiani, consultor do departamento de desenvolvimento técnico de mercados da Votorantim Cimentos.

Oferta e recebimento

As britas são destinadas às usinas de concreto (na elaboração de concretos em geral), indústrias (para fabricação de lajes e peças pré-fabricadas, além de artefatos como blocos e pisos intertravados) e ao segmento de infraestrutura (na execução de mantas asfálticas, serviços de drenagem, concretos, lastros de ferrovias e pistas de tráfego pesado). “São usadas também em aterros e regularização de áreas, gabiões, calçamento de ruas e terraplenagem”, explica João Falavigna, gerente de marketing de produtos agregados da Votorantim Cimentos.

A brita é vendida a granel e, devido ao seu baixo valor agregado, o impacto do frete no custo final do produto é bastante considerável. Por isso, as indústrias de concreto costumam utilizar as britas disponíveis nas suas regiões de origem.

A oferta e a qualidade das britas variam de acordo com a formação geológica local. No Brasil, a disponibilidade do produto é maior nas regiões Sul e Sudeste e menor na região Norte. Em geral, os produtores estão concentrados nas áreas de disponibilidade, normalmente em raios de 30 km a 70 km das pedreiras.

Como lembra Verdiani, o recebimento das britas é feito na própria usina de concreto. Nessa etapa, é recomendável que o cliente tenha em mãos uma amostra considerada ideal, que servirá como base de comparação visual com o produto que está sendo entregue. “Ou, então, pode recorrer ao ensaio de granulometria, que é feito esporadicamente – já que é mais demorado – para verificar se o material atende aos parâmetros estabelecidos em norma”, completa o consultor.

Nas centrais de concreto, as britas devem ser separadas em baias e de acordo com suas faixas granulométricas, evitando, desse modo, a contaminação entre os vários tipos de agregados. Quando separadas em pilhas, recomenda-se que sejam acomodadas com, pelo menos, três metros de distância entre cada agrupamento, de modo a impedir que se misturem e a facilitar o livre trânsito de equipamentos pelo local. “Também é importante garantir que os agregados não sejam contaminados por dejetos animais ou sujeiras de árvores”, completa Rubens Curti, especialista em concreto da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).

Cuidados na compra

Vale lembrar que rochas alteradas – portanto não sãs –, terão resistência mecânica menor. Consequentemente, o concreto produzido a partir do seu uso também apresentará menor resistência mecânica. Para evitar problemas dessa natureza, recomenda-se que a especificação da brita, bem como dos demais agregados, siga à risca as recomendações da norma NBR 7211 nos quesitos granulometria, massa específica, forma do grão, abrasão ‘Los Angeles’, material pulverulento e reação álcali-agregado.

A escolha do fornecedor deve ser bastante criteriosa, levando em conta sua idoneidade e capacidade de atendimento. O ideal é observar se a mineradora possui autorização do Ministério de Minas e Energia (MNE), registro no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), alvará municipal para depósito, licenciamento ambiental para extração e autorização para supressão de vegetação nativa e intervenção em áreas de preservação permanente.

Outro ponto importante a ser checado antes da contratação é a capacidade da empresa para atender à indústria e também às construtoras que ‘viram’ concreto na obra. O ideal é que não haja mudanças sistemáticas nas características dos agregados fornecidos. Por fim, é fundamental solicitar do fornecedor todos os ensaios relativos às britas. Caso isso não seja possível, recomenda-se o envio de amostras para serem analisadas por laboratórios acreditados pelo Inmetro e capacitados para executar esse serviço.

Britas para concreto e suas aplicações

Pó de brita (malha 5 mm) – usado em calçamento com base asfáltica e de concreto e para obtenção de texturas finas em concreto. Também é empregado em calçadas e fabricação de pré-moldados, blocos, pavers, como estabilizador de solo, na confecção de argamassa para assentamento e emboço.

Pedrisco ou brita 0 (malha 12 mm) – usado nas fabricações de vigas e vigotas, lajes pré-moldadas, intertravados, tubos, blocos, bloquetes, (pavers) paralelepípedos de concretos, chapiscos e acabamentos em geral.

Brita 1 (malha 24 mm) – usada na fabricação de concreto para qualquer tipo de edificação de colunas, vigas e lajes. Indicada também na construção de edificações de grande porte.

Brita 2 (malha 30 mm) – usada na fabricação de concreto que exija mais resistência, como fundações e pisos de maior espessura, por exemplo.

 

A água é outro elemento essencial para o traço do concreto. Você sabe porque é importante controlar sua quantidade?

 

Compartilhe esta matéria

Mais lidas

Veja também

X