Publicado em 11/07/2016Concreto leve: conheça tipos e indicações
Concreto leve tem peso específico abaixo de 2 mil kg/m³, enquanto a densidade do concreto convencional varia de 2300 a 2500 kg/m³)

Concreto leve: conheça tipos e indicações

Enquanto o com ar incorporado é indicado para preenchimento e vedação de paredes, o estrutural é aplicado em pontes e elementos flutuantes

A principal característica do concreto leve está em seu nome: a leveza. Seu peso específico fica abaixo de 2 mil kg/m³, enquanto a densidade do concreto convencional varia de 2300 a 2500 kg/m³. Isso é possível pela substituição dos agregados convencionais, mais pesados, por agregados leves, como argila expandida, vermiculita, isopor ou EVA, ou, ainda, pela incorporação de bolhas de ar no concreto.

Existem, basicamente, dois tipos de concreto leve: o estrutural, em que a brita é substituída por argila expandida, e o com ar incorporado, usado para preenchimentos e para vedação de paredes, painéis e divisórias. “O concreto com ar incorporado não é interessante como elemento estrutural porque não protege a armadura do aço”, explica João Adriano Rossignolo, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA/USP) e autor do livro Concreto Leve Estrutural (Editora Pini).

Concreto leve com ar incorporado

Com densidade entre 1000 e 1200 kg/m³, o concreto leve com ar incorporado é normalmente utilizado para enchimento e vedação. Devido à baixa resistência à compressão (no máximo 25 megapascal), ele não é viável para funções estruturais. “Existem outros materiais para preenchimento, mas a vantagem deste produto é que ele se molda a qualquer tipo de fôrma, além de o seu custo-benefício ser muito bom”, declara Luana Scheifer, Gerente de Tecnologia do Cimento da Votorantim.

Luana cita como exemplo a Arena Corinthians, em São Paulo. “O concreto leve foi usado em parte das arquibancadas para preencher espaços vazios”. “Agora, estamos utilizando-o para preencher a laje de uma edificação com 27 pavimentos. Precisávamos de um material que não causasse problemas aos cálculos estruturais”, complementa.

Assim como o concreto convencional, o leve pode ser bombeado. No entanto, há restrições ao bombeamento em grandes alturas. Quanto mais elevado for o edifício, mais seco o concreto chegará aos andares mais altos. Por isso, alguns cuidados no momento da pesagem, do transporte e do bombeamento são necessários. “Quando eu incorporo ar no concreto, ele tende a ficar mais fluido. Assim, a pressão da bomba pode ‘estourar’ as bolhas de ar, fazendo com que a taxa de ar incorporado diminua durante o bombeamento”, esclarece Scheifer.

O concreto celular é um dos tipos de concreto leve com ar incorporado. Levíssimo e poroso (feito, geralmente, com espuma, pode pesar até 300 kg/m³), é comumente usado para rebocos, nivelamento de pisos e lajes, bem como proteção de terrenos inclinados. Suas vantagens são, além da baixa densidade, a alta durabilidade (pode chegar a 100 anos se aplicado corretamente), o excelente isolamento termoacústico e o baixo custo. Além disso, não é inflamável e é fácil de manusear.

Concreto estrutural

Ao adicionar agregados leves ao concreto, ele se torna mais caro. Por isso, nem sempre é viável. “Ele deve ser utilizado quando reduzir o peso da obra é muito importante”, observa Rossignolo. Em pré-fabricados, por exemplo, o peso é muito relevante, pois quanto mais leve for a estrutura, mais peças poderão ser transportadas em um mesmo caminhão. “Em um shopping que será fechado com painéis pré-fabricados, se for usado concreto leve, é possível transportar 15 painéis em vez de 10, reduzindo em 30% a 40% o custo com transporte”, exemplifica o professor.

A solução também é vantajosa quando é necessário vencer grandes vãos, como em pontes, lajes e coberturas, bem como nos elementos flutuantes, como docas e plataformas petrolíferas, pois a leveza garante maior potencial de flutuação. “No Brasil, não costumamos usar concreto leve em plataformas flutuantes, mas nos países nórdicos é muito comum”, comenta Rossignolo.

Uma desvantagem, além do alto custo, é a diminuição da resistência mecânica à compressão. Segundo Rossignolo, essa característica não limita seu uso, mas deve ser considerada no projeto. “Para conseguir o mesmo desempenho mecânico do concreto convencional, é preciso redosar o concreto, usando um pouco mais de cimento, o que encarece o produto”, afirma.

Mas as vantagens do concreto leve se sobressaem às desvantagens.  Ele pode ser mais durável que o convencional. “O agregado leve funciona como um minirreservatório dentro do concreto, absorvendo água durante a mistura e devolvendo-a durante o processo de endurecimento do concreto, garantindo, assim, a cura interna”, explica o professor da USP. Ele cita como exemplo lugares quentes e secos como Dubai, que usa o agregado leve como agente interno de cura, facilitando esse processo e, consequentemente, aumentando sua vida útil.

Outro ponto positivo é a baixa condutividade térmica. Uma vez que, quanto menor a condutividade térmica, mais isolante é o material, esse tipo de concreto é perfeito para isolar ambientes com variações térmicas do lado de fora em regiões como o Sul e o Norte do Brasil, onde as temperaturas costumam ser muito baixas e muito altas, respectivamente. “Os europeus usam muito o concreto leve para reduzir, durante o inverno, o gasto energético com sistemas de aquecimento. Como é mais isolante, ele mantém a temperatura ambiente”, ilustra Rossignolo.

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