O cenário de obras em grande altura em Balneário Camboriú (SC) trouxe desafios logísticos para serem enfrentados pela construção brasileira. Exemplo disso é a obra do Infinity Coast, empreendimento realizado pela FG Empreendimentos, na cidade litorânea de Santa Catarina que é uma das construções mais altas do país, alcançando 226 metros de altura com os seus 69 pavimentos onde estão distribuídas 19 lojas e 116 unidades residenciais.

Além dos cuidados com as fundações, o bombeamento vertical de argamassas foi um desafio superado pela Votorantim Cimentos. Utilizando um sistema a granel para fornecimento do material, a companhia conseguiu tornar todo o processo da obra mais eficiente, desde o recebimento do material até sua aplicação.

“O sistema a granel tem algumas características que já otimizam o processo comparado ao material ensacado. O volume de armazenamento é muito maior em um espaço muito menor. Nós instalamos um silo metálico na obra que tem capacidade de 24 toneladas e ocupa uma área de 3 m² por 3 m². Então, você consegue otimizar o espaço em relação ao ensacado”, explica Charles Barroso, consultor de operações da Votorantim Cimentos.

Sistema Venturi para obras em grande altura 

Bombear toneladas de argamassa para até 200 metros de altura era um novo desafio para a Votorantim Cimentos. Utilizando um sistema a granel e um bombeamento vertical que chegava até 120 metros de altura, a companhia teve que elaborar novas estratégias de bombeamento vertical para atender à necessidade da FG Empreendimentos com o Infinity Coast. “Para nossa surpresa, a construção de prédios acima de 200 metros começou a ser comum em Balneário Camboriú (SC). Isso representava 80 metros de altura acima da capacidade do nosso equipamento”, explica Barroso.

Em um primeiro momento, a companhia procurou três empresas estrangeiras de equipamentos que pudessem fornecer transporte desse tipo. Para surpresa do consultor, apesar de, possivelmente, conseguir atingir a altura desejada, nenhuma delas garantiria o principal: que o produto, no caso a argamassa, chegasse à altura final com as mesmas características de antes do transporte. Com processo de injeção de ar e de pressão, existe uma possibilidade muito grande de segregação do material fino e do grosso.

“A ideia era colocar um terceiro equipamento para aumentar a altura. Só que, qual o problema disso? Quando aumentamos a quantidade de ar dentro do sistema, precisamos achar uma maneira de eliminar esse ar quando ele chega na ponta, então, é necessário criar condições para ter uma descompressão do sistema. Além disso, é necessário garantir a característica do empacotamento e a granulometria do produto, que estejam iguais as que estão lá embaixo”, ressalta Barroso.

A primeira alternativa da Votorantim Cimentos para realizar esse bombeamento foi por meio de um sistema chamado cascateamento. A equipe bombeava o produto até os 120 metros, que era o seu limite, e dessa altura rebombeava o produto recebido com outro sistema. Foi realizado o teste em solo para a aplicação de 200 metros e a companhia verificou que conseguiria bombear dessa forma, porém, as características do produto eram sempre danificadas. Por isso, foi necessário buscar outro método.

A segunda técnica foi mais assertiva. Utilizando o sistema de Venturi, que faz um balanço entre a quantidade de entrada de material e a quantidade de ar necessária para o transporte, foi possível mensurar a perda de carga do sistema e realizar os cálculos necessários para encontrar o correto balanço.

“Ou seja, se eu consigo bombear até determinada altura e começo a ter uma perda de carga, teoricamente, eu teria que colocar um acelerador para continuar empurrando. Só que a entrada tem que ser feita de uma maneira que o produto se mantenha uniforme. Por meio do venturi, nós encontramos o balanço correto da quantidade de material que entra e a quantidade de ar necessária para que o produto mantenha suas características”, explica o consultor da Votorantim Cimentos.

Para chegar nesse balanço, primeiro a equipe de engenharia fez alguns cálculos considerando a perda de carga do sistema. Utilizando informações, como: velocidade do transporte, densidade e capacidade volumétrica, à medida que o material ia subindo, a perda de carga acontecia. Para que fosse possível achar o ponto ideal onde existisse o equilíbrio e se pudesse entrar com outra injeção de ar que mantivesse o fluxo contínuo, a primeira coisa que foi feita foi o cálculo de engenharia relacionado ao transporte de fluídos.

Fundações

De acordo com o engenheiro da FG Empreendimentos, Gustavo Simas, a fundação foi um dos itens mais desafiadores da obra. Constituída por um bloco de concreto de 1090 m² de área e 5 metros de profundidade, totalizando 5400 m³ de concreto, foram realizados três tipos de fundações: estaca hélice, estaca escavada e estaca raiz.

“A maior dificuldade foi realizar a fundação. Pelo tamanho do bloco, pelo volume de concreto com fck alto (45 MPa), foi feito todo um estudo de concreto, de lançamento, etc. Foi uma concretagem de 5 dias consecutivos, então, foram utilizados estabilizantes nesse concreto e só dava pega nele depois do 5º dia, então, envolveu mais de 500 pessoas nessa concretagem”, explica. Para manter a temperatura do concreto foi necessário utilizar gelo e também nitrogênio líquido. Também foi realizado um acompanhamento para monitorar essa temperatura após a concretagem.

 

O Infinity Coast começou a ser realizado em fevereiro de 2013, porém, por conta de algumas liberações legislativas, ele sofreu algumas paralisações e só será entregue ao final de 2019.

 

Ficha Técnica do Empreendimento

Nome	Infinity Coast
Incorporadora	FG Empreendimentos
Localização	Balneário Camboriú (SC)
Endereço	Rua Julieta Lins, 2, Pioneiros – Balneário Camboriú (SC)
Área do terreno	Aproximadamente 4.000 m²
Área total construída	48.500 m²
Apresentação do empreendimento	O edifício Infinity Coast possui uma torre única com 69 pavimentos. Sendo o primeiro prédio no Brasil a ultrapassar 200 metros de altura, a obra abriga 116 unidades residenciais e 19 lojas.
Fundação	Estaca hélice contínua, estaca escavada e estaca raíz
Estrutura	Estrutura concreto armado
Conclusão da obra	Dezembro de 2019

 

O uso de argamassa pronta acelera o trabalho e mantém a qualidade da obra

 

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