Publicado em 20/12/2016Aderência do revestimento de argamassa no concreto: problemas e soluções
Aplicação de revestimento sobre argamassa no concreto

Aderência do revestimento de argamassa no concreto: problemas e soluções

Atenção nas etapas de projeto e execução é fundamental para evitar desplacamento e movimentação de estruturas

Problemas relacionados à aderência dos revestimentos de argamassa em concretos estruturais podem afetar os mais diferentes tipos de obras. Entre as situações mais comuns está o desplacamento do revestimento em pilares e vigas, causado por falhas na preparação da superfície para receber o acabamento. “Nessas situações, os reparos são dispendiosos e geram transtornos aos ocupantes do edifício, além de desgastar a imagem do construtor. Há, ainda, a possibilidade de queda do revestimento, trazendo riscos aos transeuntes”, adverte o engenheiro Carlos Magno de Farias, coordenador Técnico NE da Votorantim Cimentos.

Há situações mais críticas envolvendo os revestimentos de argamassa em concretos estruturais, como as de prédios com alturas elevadas ou volumes esbeltos. “A movimentação das estruturas nesses empreendimentos pode gerar tensões que não estavam inicialmente previstas”, afirma o profissional, ressaltando que são poucas as construtoras que contratam projetos de revestimentos. “A maioria dos problemas poderia ser eliminada com o trabalho de um projetista qualificado”, completa.

O planejamento prévio deve estudar questões como dimensões dos elementos estruturais, características de deformabilidade, existência de componentes em balanço e as propriedades do concreto. “Para a adequada especificação dos materiais, é fundamental prever a geometria, as juntas, os reforços e os acabamentos, bem como estabelecer procedimentos de execução e controle”, diz Magno. Além de evitar patologias, o projeto colabora para reduzir o desperdício de materiais.

Preparação da superfície

A preparação da superfície da estrutura para receber o revestimento de argamassa começa sete dias após a desforma. O primeiro passo é realizar a escovação do concreto e, depois, o apicoamento. Para concretos de alto desempenho, o tratamento da base é feito com disco de desbaste. Na sequência, é necessário proceder à lavagem por hidrojateamento, já que a base deve apresentar superfície porosa, áspera e isenta de pó. “A seguir, vem o chapiscamento – execução de camada que funciona como ponte de ligação e serve para uniformizar a absorção da umidade”, afirma o engenheiro. Passadas, pelos menos, 72 horas da execução do chapisco, o revestimento pode ser aplicado.

O chapisco industrializado foi desenvolvido especialmente para esse cenário. “A Votorantim Cimentos tem em sua linha a argamassa Chapisco Concreto, que apresenta consistência semelhante a uma argamassa colante, comumente usada para revestimentos cerâmicos”, informa Magno. Por ser um produto industrializado, apresenta maior controle de qualidade na sua produção.

A solução é comercializada pronta para ser usada, bastando apenas adicionar água. Sua aplicação é feita com desempenadeira de aço dentada. “O operário espalha a argamassa sobre a base, formando cordões que serão a ponte de aderência para o reboco”, afirma Magno. A técnica também se destaca por sua alta produtividade em comparação com a argamassa tradicional lançada com colher de pedreiro e com traço de 1:3 (cimento e areia grossa).

Retardador de superfície

Há outro tipo de tratamento, realizado ainda na fase de concretagem, com o uso de retardador de superfície. Apesar de não ser muito aproveitada, a solução impede a hidratação do cimento na camada superficial do concreto que está em contato com o revestimento, inibindo seu endurecimento e expondo parcialmente seus agregados.

“O objetivo com o uso do produto é eliminar a etapa de apicoamento ou fresagem superficial. A aplicação do retardador de superfície é realizada por spray ou rolo. A remoção da camada superficial de argamassa é feita com jato de água sob pressão”, fala Magno. Dependendo da obra, a remoção pode se tornar tarefa complicada, como acontece no caso de vigas de borda. “Por esse motivo, a solução ainda não é largamente aproveitada, apesar de ser eficiente”, complementa.

Concretos de alto desempenho/baixa rugosidade superficial

Para estruturas de concreto de alto desempenho ou com baixa rugosidade superficial, é recomendado que seja feito chapisco duplo com argamassa Chapisco Concreto – solução industrializada e pronta para uso, sendo necessário somente adicionar água. “O produto é indicado como ponte de aderência entre bases de baixa absorção [peças estruturais de concreto] e argamassa de revestimento, tanto em áreas internas quanto externas”, explica o engenheiro.

O chapisco duplo é indicado devido à baixa absorção do concreto de alto desempenho na interface concreto/chapisco – situação que exige melhor ancoragem. A sequência para o chapisco duplo é: concreto, chapisco concreto, Chapisco 3203 e revestimento (massa única). “O Chapisco 3203 tem composição semelhante à do tradicional no traço 1:3, só que é industrializado”, informa Magno, lembrando que o produto também é produzido pela Votorantim.

A execução do chapisco duplo deve ser feita da seguinte forma: após a aplicação da argamassa chapisco concreto, aplica-se o Chapisco 3203, na condição úmido sobre úmido, com uso de uma colher de pedreiro. “A solução atua como ponte de aderência para o revestimento em situações críticas, como concretos de elevado desempenho, edifícios altos e esbeltos”, reforça o especialista. Para finalizar o procedimento, Magno recomenda realizar aspersão de água sobre o chapisco em um intervalo de duas horas, durante o período de seis horas. Passados três dias, o revestimento pode ser aplicado.

Acabamentos

Após a aplicação do revestimento, o acabamento pode ser pintura, aplicação de cerâmica, pastilhas, porcelanatos ou pedras naturais. A Votorantim possui uma linha completa, como a argamassa Revestimento Fachada, ou as argamassas colantes, inclusive de alta performance, como a Cola Tudo.

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