Publicado em 18/01/2016Monte seu negócio: gestão de estoque

Monte seu negócio: gestão de estoque

Sétima reportagem da série explica quais são os indicadores que orientam a melhor gestão dos estoques

O pior atendimento numa loja é aquele que responde à procura do cliente com o clássico “me desculpe, mas acabou”. O ideal é que não falte nenhum produto, e o comerciante de materiais de construção só encontra algum equilíbrio entre oferta e demanda se fizer uma boa gestão de estoquePara Maurício Tedeschi, coordenador nacional de varejo de material de construção do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), este equilíbrio deve ser medido e registrado periodicamente, a partir de três indicadores de desempenho que o revendedor acompanha com muita atenção: o giro e a cobertura dos estoques, e o nível de atendimento ao cliente.

“O giro permite saber quantas vezes meu estoque foi renovado num intervalo de tempo. Seu cálculo é feito por produto, dividindo-se as vendas totais durante o ano, pelo número de ítens disponíveis”, explica. Esse primeiro indicador representa, portanto, o número de vezes que o capital investido nos estoques é recuperado pelas vendas. Sua base é anual, e dá uma boa análise histórica do negócio, relativo a cada produto.

Para obter o tempo médio do estoque – importante para avaliar o giro -, o número de dias do período considerado é dividido pelo número de giros (renovações de estoque) ocorridos no mesmo período. “Quanto maior for o giro, melhor. Um estoque com baixo giro indica que o capital está parado, e que há risco da mercadoria ficar ultrapassada, ou ter seu prazo de validade expirado”, diz Tedeschi. Por outro lado, buscar sempre o menor estoque requer cuidados para não correr o risco de “quebrar” a gôndola – situação em que a loja fica com o produto indisponível para venda. “O lojista acaba prejudicando sua relação de fidelidade com o cliente.”

A cobertura, por sua vez, é um cálculo que permite verificar quantos dias aquele estoque vai durar, mostrando o ritmo das vendas. Ela dá ao revendedor maior segurança de que está trabalhando no seu ponto de equilíbrio. Por fim, “a gestão de estoque tem relação direta com o atendimento: quem a acompanha de forma atenta, contribui para a satisfação do cliente, que nunca sairá frustrado, e terá sua entrega dentro do prazo, a custos menores.” Planilhas podem ajudar bastante.

Assim, o nível de serviço ao cliente indica também o número de oportunidades perdidas de venda, seja pelo fato de não haver mercadoria em estoque, seja por não conseguir entregar o produto no prazo. “Todos esses cálculos ajudam o lojista a ter o menor estoque possível, com menor impacto sobre seu capital de giro, levando em conta a rotatividade dos produtos e o lapso de tempo entre o seu pedido de compra e a entrega pelos fornecedores, na sede da revenda.”

O básico

A gestão de estoque também vale para materiais básicos da construção, como areia, cimento, blocos de concreto e argamassa. Nestes casos, porém, gerir estoques não se restringe a estudar quantidades que precisam ser compradas, mas também analisar o espaço disponível para estocá-los, para evitar também o excesso“É preciso pensar na logística, porque esses materiais possuem características físicas que pedem maior ocupação de superfícies, e a movimentação de entrada e de saída é feita diretamente do estoque – ou seja, eles devem estar armazenados num local de fácil acesso para veículos de grande porte, tanto dos fornecedores, quanto dos clientes”, explica.

Para viabilizar a venda em pequenas quantidades, fragmente grandes lotes de areia ou de blocos, por exemplo, em porções ou embalagens menores. “Se os materiais básicos não forem representativos para o faturamento da loja, ou se o espaço for muito pequeno, o melhor é manter bom relacionamento com um depósito próximo, no mesmo bairro, para não deixar de atender clientes que queiram comprá-los”, recomenda o coordenador do Sebrae.

Para a definição do mix de produtos a ser oferecido, o empreendedor deve visitar lojas concorrentes, para espiar o movimento e perceber qual são as fraquezas existentes, além de ouvir seus clientes com atenção, adaptando o negócio ao longo do tempo – afinal, construção civil também é um setor de tendências, que mudam periodicamente, impactando sobre as preferências do consumidor. De acordo com Maurício Tedeschi, os materiais da chamada “cesta básica da construção” podem ser comprados diretamente das fábricas, ou por meio de distribuidores e atacadistas. “Com o tempo, e o crescimento do negócio, fornecedores baterão à sua porta, oferecendo variedade maior e novos produtos; basta escolher aquele que traz melhores qualidade, preço, orientação técnica e logística de entrega”, opina.

Numa loja de material de construção com aproximadamente 100 m² – e que também vende produtos básicos -, o Sebrae indica o seguinte mix de produtos: arame, areia, pedra, argamassa, tijolo, cal, cantoneiras, cimento, espaçadores, ferragens, madeiras, rejunte, telhas, caixas d’água, bombas, grelhas, ralos, tubos e conexões, quadros de luz, tomadas e interruptores, torneiras, duchas e registros.

Além de realizar uma boa gestão de estoque, é importante analisar todas as oportunidades relacionadas a sua revenda. Veja um comparativo entre vendas em loja física e vendas online na última reportagem da série “Monte seu Negócio”.Botão Site

 

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