Publicado em 15/02/2018Mercado da construção civil: 2018 será um ano melhor?
De acordo com CBIC, a recuperação do setor depende do investimento em infraestrutura, do restabelecimento do crédito e da melhoria nos negóciosCréditos: Bannafarsai_Stock

Mercado da construção civil: 2018 será um ano melhor?

A expectativa para este ano é que a recuperação fique em torno de 2%, a depender de alguns fatores

Em 2017, o mercado da construção civil amargou números negativos pelo quarto ano consecutivo. A queda estimada no PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil foi de 6%. Entre 2014 e 2017, a queda no emprego com carteira assinada se aproxima a 1,2 milhão de postos de trabalho.

“A desaceleração do mercado imobiliário começou antes mesmo da crise econômica do país. No final de 2013, algumas grandes cidades, como Brasília e Curitiba, apresentavam os primeiros sinais de retração, o que se generalizou no ano seguinte”, afirma a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos na área da construção na FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Os preços dos imóveis tinham subido além do aumento da renda das famílias e os estoques cresciam. Os novos ingredientes introduzidos pela recessão econômica, como a insegurança no emprego e a restrição ao crédito, aprofundaram a crise do setor.

“Paralelamente, as obras de infraestrutura foram paralisadas ou tiveram seu ritmo reduzido. Isto em razão do impacto da operação Lava Jato sobre as grandes empreiteiras e a crise fiscal do governo, que reduziu investimentos públicos”, destaca. O programa Minha Casa, Minha Vida foi diretamente afetado, com volume de contratos aquém da meta.

 

Materiais de construção

A indústria de materiais do mercado da construção civil foi duramente penalizada, registrando em 2017 queda de cerca de 15% nas vendas para as construtoras. “O setor fabricante de materiais fechou o ano com uma queda de faturamento real (descontando a inflação) de 5%”, informa Walter Cover, presidente Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção). Esse índice, somado aos de 2015 e de 2016, retraiu a produção de materiais e as vendas para o mesmo nível de 2007.

O desempenho do chamado mercado ‘formiga’ mitigou a perda da indústria. De acordo com a Anamaco – entidade que reúne o varejo de materiais de construção –, as vendas nas lojas e home centers cresceram 6% em 2017 no comparativo com o ano anterior.

“A estimativa oficial é que o PIB brasileiro cresceu 1%, puxado pelo consumo das famílias por conta de algumas medidas como a liberação do FGTS das contas inativas. E, também, pela queda da inflação, principalmente no preço dos alimentos, aliviando a renda das famílias para outras despesas. Dados do IBGE confirmam o forte crescimento nas vendas do mercado da construção civil em 2017”, observa Ana Maria Castelo.

Perspectivas para o mercado da construção civil

A Sondagem da Construção, pesquisa mensal da FGV, mostra que houve significativa melhora no índice de confiança ao longo do ano de 2017, sinalizando que o pior ficou para trás. “Essa tem sido a percepção das empresas nos últimos meses. Porém, o indicador de atividade corrente mostra que a situação ainda está muito ruim”, diz ela.

De acordo com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), a cadeia produtiva do mercado da construção civil, que já teve participação de 10,5% no PIB brasileiro, agora representa 7,3% de um PIB menor. A recuperação do setor, em 2018, deve ficar em torno de 2%, mas depende de três fatores essenciais: o investimento em infraestrutura, especialmente em projetos de concessões e parcerias público-privadas; o restabelecimento do crédito, com a retirada de impedimentos a financiamentos; e a melhoria no ambiente de negócios, com iniciativas voltadas à segurança jurídica e à desburocratização.

Dados do Secovi-SP – sindicato do setor imobiliário – mostram que, no acumulado de janeiro a novembro de 2017, foram comercializadas 18.660 unidades, um aumento de 32,8% em comparação ao mesmo período de 2016, quando as vendas totalizaram 14.048 unidades.

“Se isso se mantiver, a melhora das vendas vai trazer o aumento de novas obras. É uma sinalização boa à frente”, avalia Ana Maria Castelo. Contudo, ainda há incertezas, como o percentual de distratos nos contratos de compra de imóveis, que se mostra considerável.

Questão pontual, porém fundamental para o mercado imobiliário, é o desenrolar da situação fiscal da Caixa Econômica Federal, responsável por 70% dos financiamentos na área. “Se a instituição não for capaz de sustentar seu programa de concessão de crédito, o quadro vai se complicar ao longo de 2018”, lembra a economista.

É difícil prever como ficará a economia em ano eleitoral. Se o índice de confiança se mantiver positivo, poderá confirmar a retomada mais forte da atividade econômica. Caso contrário, o quadro pode se inverter. “A expectativa, portanto, é de uma melhora contínua, mas lenta. Nada comparado aos moldes do ciclo que foi até 2013”, finaliza Ana Castelo.

 

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